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Terapia é só para quem está em crise?

  • Foto do escritor: Suzana Magalhães
    Suzana Magalhães
  • 9 de mai.
  • 3 min de leitura
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Desconstruindo mitos sobre o momento certo para buscar ajuda


Quando pensamos em psicoterapia, é comum imaginar alguém passando por uma crise intensa, sofrendo com uma perda, um trauma ou enfrentando uma situação-limite. E sim, muitas pessoas buscam a terapia nesses momentos — o que é legítimo e necessário. Mas será que é só nesses contextos que ela faz sentido?


A ideia de que a terapia é um “último recurso” ainda está presente no imaginário coletivo. Como se fosse preciso “quebrar” para, só então, pedir ajuda. Essa crença, além de limitar o acesso ao cuidado, muitas vezes adia processos que poderiam ter sido mais leves se iniciados antes.


A psicoterapia não é apenas um espaço para atravessar dores; é também um lugar de construção, descoberta e fortalecimento. É um tempo reservado para olhar para si com mais atenção, acolher dúvidas, revisar padrões, lidar com as próprias emoções e criar sentido diante das experiências da vida — mesmo quando aparentemente está tudo bem.


Terapia como cuidado, e não apenas reparo

Cuidamos do corpo com regularidade — exames, check-ups, exercícios, alimentação. Por que com a mente seria diferente? A saúde mental também se nutre de constância, escuta e atenção. A terapia pode ser um espaço de manutenção da saúde emocional, prevenindo o agravamento de sofrimentos e favorecendo escolhas mais conscientes.


Muitas pessoas chegam ao consultório dizendo: “Eu nem sei se o que estou sentindo é grave o suficiente para estar aqui”. Essa dúvida já é, por si só, um sinal de que algo dentro precisa de escuta. Não há escala de dor para justificar o cuidado. Se algo te inquieta, te incomoda ou te faz pensar sobre como está vivendo, isso já merece espaço.


Um processo que respeita o seu tempo

Cada pessoa chega à terapia com uma história, uma bagagem, um ritmo. Não existe um ponto de partida ideal ou um motivo mais válido que o outro. Às vezes, a vontade de se conhecer mais profundamente, de desenvolver mais autonomia emocional ou de aprender a lidar com relações difíceis já é o bastante para começar.

E o bonito do processo terapêutico é que ele se transforma com o tempo. O que começa como um desejo de “resolver um problema” pode se tornar uma jornada de autoconhecimento, um lugar de encontro consigo mesmo.


A importância de se antecipar ao sofrimento

Buscar terapia antes que a dor se torne insuportável é um ato de autocuidado. É reconhecer que você não precisa enfrentar tudo sozinho. É dar espaço para dúvidas, angústias e sentimentos que talvez estejam sendo silenciados no dia a dia — mas que ainda assim existem.


A escuta terapêutica não julga, não apressa, não impõe. Ela acolhe. E, nesse acolhimento, muita coisa pode mudar. Mesmo sem uma “grande crise” aparente, estar em terapia pode trazer clareza, leveza e novas formas de se relacionar com a vida.


Começar é um gesto de coragem

Começar terapia, com ou sem crise, é um ato de coragem. É dizer sim para um espaço onde você pode existir com mais verdade, com menos pressa e com mais escuta. É abrir espaço para entender o que te move, o que te fere, o que te protege.


A pergunta não é apenas “será que eu preciso de terapia?”, mas também: “como seria se eu me permitisse ser escutado(a) com mais profundidade?”


Se você sente esse chamado — mesmo que ainda sem muitas palavras —, talvez esse seja um bom momento para começar.




 
 
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