A solidão que o mundo moderno não vê
- Suzana Magalhães
- 9 de mai.
- 2 min de leitura
Reflexões sobre o vazio, as redes sociais e o desejo de conexão

Vivemos na era da hiperconexão: curtidas, mensagens, grupos, atualizações em tempo real. Estamos cercados por vozes, imagens e notificações. E, ainda assim, nunca foi tão comum ouvir relatos de solidão. Uma solidão que não se explica apenas pela ausência de pessoas ao redor, mas por uma desconexão mais profunda — com o outro e, muitas vezes, consigo mesmo.
Essa solidão moderna é silenciosa. Ela pode estar presente mesmo em uma rotina cheia de compromissos, em lares cheios de gente ou em perfis com muitos seguidores. Ela aparece na sensação de estar deslocado, de não ser realmente visto ou ouvido, de carregar um vazio que não se preenche com presença física ou interações digitais.
A presença que não toca
As redes sociais criaram uma nova forma de estar junto: rápida, fragmentada, muitas vezes superficial. E, embora possam aproximar, também podem acentuar o sentimento de inadequação, comparação e invisibilidade. Em meio a tantas imagens felizes, a dor pode parecer fora de lugar — e a solidão, vergonhosa.
Essa presença sem vínculo real pode gerar um tipo de cansaço emocional. Falta escuta, falta pausa, falta espaço para ser na inteireza — com dúvidas, imperfeições, sentimentos difíceis. A conexão acontece, mas não sustenta. E o vazio cresce.
O desejo de ser visto de verdade
Todos nós temos o desejo legítimo de pertencimento, de troca, de reconhecimento. Queremos ser vistos não apenas por fora, mas em nossa singularidade: pelas ideias, pela sensibilidade, pelo jeito de sentir. A ausência desse olhar genuíno pode nos fazer sentir sozinhos mesmo em meio a muitas relações.
A terapia entra justamente como um espaço de reencontro. Um lugar onde se pode existir com mais verdade, com mais silêncio e mais escuta. Onde não é preciso performar nem agradar, apenas ser. É nessa presença autêntica que algo pode começar a se reorganizar internamente.
A importância de se escutar para poder se conectar
Antes de buscar conexão com o outro, é preciso reconectar-se consigo. Entender suas dores, seus limites, suas necessidades emocionais. Muitas vezes, a solidão está ligada à dificuldade de se escutar ou se permitir viver de forma mais verdadeira.
A psicoterapia é um caminho possível para isso. Um processo que convida a olhar com mais cuidado para aquilo que, na correria da vida, costuma ser deixado para depois.
Caminhar acompanhado faz diferença
Sair da solidão não significa estar o tempo todo rodeado de pessoas, mas construir relações mais profundas e significativas — com os outros e com você. Estar em terapia é começar esse movimento de retorno a si, para então criar vínculos mais potentes e reais no mundo.
Se você sente que a solidão te atravessa, mesmo quando não parece haver motivo, saiba: não é exagero, nem fraqueza. É um sinal de que algo dentro quer ser escutado.
_edited.png)